Exposição de arte cristã antiga leva obras raras ao Texas

Plantão | Publicada em 23/11/2007 às 10h22m

Reuters/Brasil Online

Por Ed Stoddard

FORT WORTH, Estados Unidos (Reuters) - Uma rara exibição dos primórdios da arte cristã, inclusive da mais antiga representação conhecida da crucificação de Jesus, é um evento que mistura o apelo histórico ao religioso.

"Retratando a Bíblia: A Primeira Arte Cristã", no Museu de Arte Kimbell, de Fort Worth (Texas), inclui jóias, afrescos, esculturas em mármore e cruzes ricamente decoradas, todas produzidas entre os séculos 3o e 6o desta era.

O conjunto ensina como os primeiros cristãos veneravam uma fé que em pouco tempo deixou de ser alvo de perseguições para se tornar a religião oficial do Império Romano.

"Só houve uma outra exposição na história que tratasse deste período da arte cristã, e foi no museu Metropolitan de Nova York há 30 anos", disse Timothy Potts, ex-diretor do Kimbell e curador da mostra.

"Isso é porque este material é raro, fragmentário e frágil demais, e para muitas instituições é parte dos seus artefatos mais valiosos", disse ele à Reuters.

Muitos consideram o Texas como o coração do "Cinturão da Bíblia", uma área do sul dos EUA muito conservadora e religiosa. Daí que o interesse da exposição não se resume ao seu caráter histórico.

A mostra é possível graças a empréstimos do Vaticano, das bibliotecas Bargello e Laurentina, de Florença, e dos museus Britânico e do Louvre, entre outros. Muitos artefatos nunca ou raramente haviam sido emprestados.

Entre os destaques está uma cruz incrustada da com pedras preciosas, vinda do Museu do Vaticano. A peça foi um presente do imperador Justino 2o ao papa João 3o no final do século 6o. Diz a lenda que a madeira usada na peça foi tirada da própria cruz onde morreu Jesus.

"Essas peças de arte têm interesse além do seu valor histórico e artístico, elas têm um profundo significado para as pessoas num nível religioso", disse Potts.

Uma das peças mais intrigantes é também uma das menores: uma calcedônia lapidada nas bordas, mas que conserva uma imagem inteira e intacta da crucificação. Datada do final do século 2o ou começo do 3o, é a representação mais antiga da morte de Cristo de que se tem notícia.

Embora a crucificação seja um dos pilares da fé cristã, no começo sua representação era raríssima - ao menos a julgar pelas peças que restaram.

"Por que os primeiros artistas cristãos a evitavam não está claro", disse Potts. Uma possível explicação era preservar a imagem de Cristo, nesse momento de humilhação, em comparação aos todo-poderosos deuses pagãos em voga até então.

A exposição fica em cartaz até 30 de março de 2008. Detalhes no site http://www.kimbellart.org/.

António Dulcídio

Artista plástico, pintor, fotógrafo, amante de viagens, blogger, vlogger e editor de livros. “As coisas boas da vida são feitas com arte”

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